Interatividade: Copa do Mundo Rede Globo 2010

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A Rede Globo começa investir pesado em conteúdo interativo para a televisão digital. Para quem já possui aparelhos televisores (ou mesmo celulares) com dispositivo para a interatividade (com os chamados set-top boxes com o middleware Ginga),  foi possível acompanhar as transmissão da Copa do Mundo com uma interface especial que trazia informações adicionais como pontuações da partida, enquetes e bolões em tempo real, tabelas dos jogos e notícias do campeonato.E ao contrário dos canais SBT e Band, que já estão disponibilizando seus próprios conteúdos interativos,  a preocupação da Rede Globo com a adequação e integração com a linguagem visual televisiva se mostrou a mais evidente. Os botões, os grafismos e os infográficos acompanham a mesma identidade visual utilizada pela emissora para a Copa, abusando dos efeitos dourados tridimensionais e formas arredondadas.Em busca dessa importante padronização estética, alguns detalhes técnicos  e de usabilidade em específicas situações foram deixadas um pouco de lado. Foi o caso dos botões que possuem a mesma representação gráfica – a bola dourada com adornos africanos –  fazendo com que as palavras sobre cada um deles tivessem um peso diferenciador de identificação predominante. Contudo, os demasiados efeitos e os ajustes para diminuir as palavras grandes para um melhor encaixe sobre a ícone prejudicaram uma imediata leiturabilidade. O que não ocorre nas demais tabelas e infográficos que se apresentaram de maneira legível e exploraram de maneira eficiente a tela,  principalmente as laterais, de modo a não atrapalhar em excesso a transmissão linear. Apesar que, em algumas situações, ficava difícil acompanhar o jogo com tantas informações na tela. Mas sem dúvida, a experiência  interativa é bastante envolvente,  muito pelo fato dessa integração com a comunicação visual da atração e a gramática televisiva.

Vale mencionar também as semelhanças dessa interface com o painel interativo utilizado pelos apresentadores Tiago Leifert  e Luis Ernesto Lacombe no programa “Central da Copa”. Tecnologia  lançada nacionalmente no Fantástico e que sempre considerei inútil, por conta da menor definição e nitidez com que as imagens aparecem em tela, se comparado ao bom e velho cromaqui. No entanto, começo a rever minha posição no contexto da interatividade televisiva. A semelhança  visual entre as interfaces manipuladas pelo apresentador no programa e pelo espectador em casa, levam a uma configuração semântica interessante. É como se ambos, emissora e audiência, estivessem estabelecendo uma conversa direta dentro de um universo virtual comum ou uma mesma plataforma, diminuindo a distância interacional, se comparada ao computador ou ao celular, por exemplo.  Nesse sentido, o uso do painel nos programas como estímulo ao uso dos conteúdos interativos parece ser uma efetiva e inovadora solução .
Fonte: Tele Visual

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